FAO quer explorar potencial alimentício dos insetos
Esta agência das Nações Unidas apresentou hoje em sua sede de Roma o
relatório 'Insetos Comestíveis: Perspectivas de Futuro para a Segurança
Alimentar e Alimentação para o Gado', durante a Conferência Internacional sobre
Florestas para Segurança Alimentar e Nutricional, que acontece até a próxima
quarta-feira.
Segundo o estudo, realizado em colaboração com a holandesa Universidade de
Wageningen, os insetos são uma fonte importante e facilmente acessível de
alimentos nutritivos e ricos em proteínas que são facilmente encontrados nas
florestas.
A coleta e criação de insetos, que, com cerca de um milhão de espécies
conhecidas representam mais da metade de todos os organismos vivos classificados
no planeta, podem gerar empregos e renda, até agora em nível familiar, mas
também potencialmente em nível industrial.
'Não estamos dizendo que as pessoas devam comer animais', ressalta em
comunicado divulgado pela FAO Eva Muller, diretora da Divisão de Economia,
Políticas e Produtos Florestais da agência das Nações Unidas e co-autora do
relatório.
'O que dizemos é que os insetos são só um dos recursos brindados pelas
florestas, e que se encontra praticamente inexplorado seu potencial como
alimento, e, sobretudo, como ração'.
A FAO lembra que os seres humanos já consomem no mundo mais de 1,9 mil
espécies de insetos, sendo os mais utilizados os besouros, as lagartas, as
abelhas, as vespas, as formigas, os grilos e os gafanhotos, que, por exemplo,
têm mais conteúdo em ferro que a carne bovina.
Além disso, a criação de insetos pode ajudar a evitar a exploração florestal,
pois a produção de algumas espécies como o verme da farinha, que já são
produzidos em nível comercial em alimentos para animais de estimação, zoológicos
e para a pesca recreativa, poderia baixar os custos até tornar rentável a
substituição da farinha de peixe na alimentação do gado.
Os insetos produzem, além disso, uma reduzida quantidade de emissões como
metano, amoníaco, gases do efeito estufa e de estrume e podem ser utilizados
para decompor os resíduos, ajudando nos processos de compostagem, que devolvem
os nutrientes a terra e, por sua vez, reduzem os maus odores.
As leis da maioria dos países impedem algumas destas práticas, sobretudo a
alimentação dos animais com resíduos, estrume líquido e resíduos alimentícios,
e, por isso, a FAO quer 'pesquisar mais, especialmente no que diz respeito à
criação de insetos aproveitando o vazamento de resíduos'.
'As florestas contribuem ao sustento de mais de um bilhão de pessoas,
incluídas muitas das mais necessitadas do mundo. As florestas proporcionam
alimentos, combustível para cozinhar, forragem para os animais e renda para
comprar comida', explica na nota o diretor-geral da FAO, o brasileiro José
Graziano da Silva.
'Os animais silvestres e os insetos são frequentemente a principal fonte de
proteínas para a população nas zonas florestais, enquanto folhas, sementes,
fungos, mel e frutas proporcionam minerais e vitaminas, garantindo uma dieta
nutritiva', acrescenta Graziano. EFE
Fonte: Copyright (c) Agencia EFE, S.A. 2010
Acessado em: 13/05/2013
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